sábado, 29 de novembro de 2008







‘Equivocidades’: quando zurra a ignorância

Moacir Japiassu (*)

Pelo medo e o terror
foi imposta a conquista
Pelo fio da espada
(Talis Andrade in O Paraíso Destruído)

‘Equivocidades’: quando zurra a ignorância
O considerado Camilo Viana, diretor de nossa sucursal em Belo Horizonte, vizinha ao Palácio da Liberdade, onde Aécio não sabe o que é bom pra Minas Gerais nem para si próprio, pois Camilo despachou esta, depois de pesquisar em revistas e jornais:

A propósito das mágicas feitas por Daniel Dantas em favor do tesouro pessoal, o Sebastião Nery publicou na Tribuna da Imprensa, do Hélio Fernandes, único jornalista brasileiro que não muda de opinião (é sempre contra), uma nota digna do Jornal da ImprenÇa:

Não sei qual é o terreiro do Daniel Dantas lá na nossa poderosa Bahia. Mas ele não enlouquece só a Polícia Federal, a Abin, o Ministério Público, que correm atrás de suas múltiplas, transnacionais e biliardárias estripulias. Também seus advogados já começaram a pirar. E em plena TV. No "Jornal Nacional", o posudo doutor Nélio Machado desandou: "O processo é um conjunto de equivocidades" (sic). Seriam "equívocos".

O doutor Eduardo Greenhalgh, velho advogado de Lula, José Dirceu e do crime de Santo André, e hoje lobista de Dantas, não vai falar agora:

"Só no momento opportunity" (sic). Queria dizer "oportuno".

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Talis Andrade
Leia no Blogstraquis a íntegra do poema que encima a coluna. Nas páginas de seu livro Sertões de Dentro e de Fora inspira os versos do poeta o pesadelo abrigado no testemunho de Frei Bartolomé de Las Casas.

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Nosso planeta
O considerado Mário Lúcio Marinho envia outra "frase do ano" que percorre a internet:

"Fala-se tanto da necessidade de deixar um planeta melhor para os nossos filhos e esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores para o nosso planeta."

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Falta escrúpulo
O considerado Janio de Freitas escreveu na Folha de S. Paulo:

Na armação do negócio Oi/Telemar-Brasil Telecom-governo Lula, até o mínimo escrúpulo das urdiduras encobertas ou disfarçadas ficou como coisa do passado. Há mais de meio ano, está escancarada a participação do próprio Lula, com o assegurado decreto de alteração das regras impeditivas do negócio.

(...) Co-artífices da operação, o embaixador Ronaldo Sardenberg, presidente da Anatel, e Hélio Costa, ministro das Comunicações, que foi contra o negócio começado às suas costas e, por obra de algum dos milagres comuns nessas transações, de repente tornou-se entusiasta na linha de frente.

Engulo, mas não posso digerir, o voto inútil que fiz a Lula.

Leia no Blogstraquis a íntegra do artigo que o presidente terá de engolir e, se puder, digerir.

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Título bom
De todos os títulos que anunciaram na imprensa a compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil, o melhor foi publicado em 21/11 na primeira página do jornal paulistano Diário do Comércio, cuja Redação é dirigida pelo considerado Moisés Rabinovici:

A Caixa não é mais Nossa

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Cheque no microondas
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, de cujo varandão debruçado sobre o Congresso e a Esplanada dos Ministérios é possível receber todos os péssimos fluidos desta democracia mais enganosa do que os cabelos louros de Marcelinho Paraíba, pois Roldão repassa mensagem de utilidade pública que percorre a internet:

Sabe aquelas máquinas de preencher cheques, aquelas que você só assina depois de preenchido automaticamente pela máquina, numa 'cortesia' do local onde você está pagando? Imagine só, os cheques podem ser apagados em fornos de microondas, sobrando apenas a sua assinatura. Em Santa Catarina ocorreu verdadeiro dilúvio de cheques adulterados em microondas. Com a tinta da máquina apagada no forno, os cheques podem ser preenchidos novamente.

Nos últimos dois meses, uma mesma agência bancária de Florianópolis recebeu 11 cheques adulterados da mesma forma.

'O preenchimento (na máquina) é feito com toner, que é um pó; este pó é desintegrado dentro do microondas', diz o perito em falsificações Arnaldo Ferreira. Segundo ele, um cheque de R$ 27,00 emitido em Santa Catarina foi compensado dois meses depois, em Feira de Santana, na Bahia, por R$ 4,2 mil.

O perito recomenda, como precaução, evitar as tais máquinas e usar sempre a caneta para o preenchimento dos cheques.

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Incorreto
Chamadinha na capa do UOL:

Evite roubadas
Conheça cinco dicas para fugir dos caras não valem nada

Janistraquis leu, observou a falta do "que", porém observou mais ainda o tom politicamente incorreto:

"Considerado, sabemos que, pelas novas regras da sociedade, não existem pessoas 'que não valem nada'. Há uns escorregões aqui, outros ali, mas a humanidade é boa, todas as almas vão para o céu, não existem pessoas feias, gordas ou velhas e o PT é um partido ético."

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Pensando em você!
Janistraquis recebeu e encaminhou ao goleiro Fernando Henrique, do Fluminense, famoso porque se benzeu 432 vezes durante os dois tempos de uma partida, sem contar os acréscimos:

Quando Jesus morreu na cruz, Ele estava pensando em você! Se você faz parte dos 7% que O apoiam, encaminhe este e-mail com o titulo 7%.

Confie.

As coisas acontecem na hora certa.
Exatamente quando devem acontecer!
Momentos felizes, louve a Deus.
Momentos difíceis, busque a Deus.
Momentos silenciosos, adore a Deus.
Momentos dolorosos, confie em Deus.
Cada momento, agradeça a Deus.

Isto é muito interessante! 93% das pessoas não encaminharão este e-mail.

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Duas melancias
O considerado Hugo Caldas, professor e tradutor de inglês em Recife, envia de seu escritório com vista para a praia de Boa Viagem:

A Escola Nacional de Magistratura incluiu em seu banco de sentenças despacho pouco comum do juiz Rafael Gonçalves de Paula, da 3ª Vara Criminal da Comarca de Palmas, em Tocantins. A entidade considerou de bom senso a decisão de seu associado, mandando soltar Saul Rodrigues Rocha e Hagamenon Rodrigues Rocha, detidos sob acusação de furtarem duas melancias.

Segundo Caldas (Janistraquis concorda até com a colocação das vírgulas), o despacho do meritíssimo nos devolve um pouco de confiança na Justiça, quase perdida depois de tantas e tantas “exarações” diabólicas de contumazes ladrões-de-toga.
(Leia no Blogstraquis a íntegra do documento.)

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É dá ou dou?!?!
Em anúncio do governo, anúncio que se inventa só pra gastar o dinheiro do povo, escuta-se a voz de uma senhora a perorar:

“Sem camisinha não dá!”

Janistraquis avaliou a situação e o tom empregado na divulgação do preceito e meteu a colher:

“Considerado, creio que erraram o tempo do verbo; o certo seria, em minha modesta opinião, ‘sem camisinha não dou’; o amigo concorda?”

Concordo. É procedente.

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Justiça é isso!
A considerada Helenita Gomes, empresária em São Paulo, envia mensagem de seu retiro no Bosque da Saúde:

Vi num noticiário americano da televisão que no estado de Idaho uma adolescente de 16 anos chamada Sarah Marie Johnson matou os pais a tiros e foi condenada a duas sentenças de prisão perpétua, sem direito a liberdade condicional.

Se fosse aqui neste País de Todos, a criminosa pegaria uns aninhos de cadeia e sairia, jovem, linda e solta, para reclamar na Justiça o direito à herança paterna. Logo me lembrei daquela Suzane von Richstoffen, mandante do assassinato dos pais, que foram executados a pauladas enquanto dormiam. Mas talvez os americanos estejam errados, os certos somos nós...

Pois é, dona Helenita, segundo Janistraquis o Brasil é um país onde a justiça sempre dá uma “segunda chance” aos bandidos mais perigosos. É da nossa tradição, né mesmo? Agora, uma coisa é certa: duas sentenças de prisão perpétua é tremendo exagero; uma só já estava de bom tamanho!

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Nota dez
A coluna recomenda o artigo do considerado Geneton Moraes Neto, intitulado Os jornalistas estão enterrando o jornalismo!, no qual está escrito:

(...) Quem já passou quinze segundos numa redação é perfeitamente capaz de identificar os coveiros do jornalismo: são burocratas entediados e pretensiosos que vivem erguendo barreiras para impedir que histórias interessantes cheguem ao conhecimento do público. Ou então queimam neurônios tentando descobrir qual é a maneira menos atraente, mais fria e mais burocrática de transmitir ao público algo que, na essência, pode ser espetacular e surpreendente: a Grande Marcha dos Fatos.

O texto do autor, que todos conhecemos das entrevistas no Fantástico, foi publicado no site dele (www.geneton.com.br) e transcrito aqui neste portal.

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Errei, sim!
“É DE ENLOUQUECER!!! – Revelação surpreendente do caderno Negócio e Finanças, do Jornal do Brasil: São Paulo é a 3ª cidade sueca. Janistraquis conformou-se: ‘É, considerado... eu pensava que a terceira cidade sueca fosse Malmöe, mas é São Paulo, diz o sempre bem informado JB’. Estatelou-se, pensativo, e dali a instantes tresvariou: ‘Qual será então a quarta cidade sueca? Rio, Belo Horizonte...’. É mesmo de enlouquecer!!!” (agosto de 1991)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada “Carta a Uma Paixão Definitiva”.

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