quarta-feira, 16 de julho de 2008

Asas da aranha, tentáculos do morcego, patinhas do polvo...


Folha ataca Protógenes para proteger a mídia

Glauco Faria - Revista Fórum

A edição de domingo da Folha de S. Paulo evidencia o que se pode chamar, bondosamente, de extrema má vontade em relação ao delegado reponsável pela Operação Satiagraha, Protógenes Queiroz. São duas matérias que tentam estigmatizá-lo como alguém que maltrata o português, é vaidoso e – talvez o mais importante para o jornal -, acusa a mídia de ser manipulada sem apresentar provas. Outra matéria ainda fala que os “excessos” de Protógenes estariam constrangendo a cúpula da Polícia Federal, que poderia rifá-lo por conta disso.

Na página A12 da edição São Paulo, um texto com o título “Delegado infere 'manipulação' da mídia sem provas” dá voz a todos os jornalistas que são mencionados no relatório da PF. A maioria é apenas citada, segundo a reportagem, não se imputando qualquer tipo de delito. Apenas a repórter do próprio jornal, Andréa Michael, teve a prisão pedida (e negada) por vazar informações sigilosas, o que poderia tipificar crime, mas que o diário trata apenas como fruto da “contrariedade” do delegado. Curioso que a mesma matéria cita erros de nomes colocados ali, enquanto no texto ao lado, de autoria de jornalistas da Folha, o nome do juiz federal De Sanctis é grafado como “De Sancits”. Erro de digitação que deixa claro que isso não invalida nem o relatório e nem a reportagem do jornal.

Já na página A9 o delegado é ridicularizado, dizendo-se que o relatório é escrito em “linguagem truncada e português precário”. Novamente, a tentativa de desvio de foco. O que talvez o jornal não saiba é que não se recomenda, em relatório policial, o uso de linguagem rebuscada ou grandiloqüente, buscando-se sempre ser conciso e claro. Erros eventuais acontecem em qualquer material que não passa por revisão e/ou que é muito extenso e exige ser concluído de forma célere. A própria Folha deve saber disso, se não souber, basta analisar suas edições diárias, repletas de erros de toda ordem.

Curioso de fato esse movimento do diário paulistano. Para se defender, ataca o delegado e ainda se alia a outros jornalistas e pseudo-jornalistas. No mínimo, curioso...

Em tempo. Na mesma edição de domingo, Elio Gaspari ataca o deputado petista Henrique Fontana por ter se posicionado contra “essa norma de habeas corpus que acaba favorecendo os ricos e prejudicando os pobres”. Curioso é que, na página 2, a colunista Eliana Cantanhêde segue Fontana e pinta com cores mais fortes a crítica do petista, pedindo para que se “mude a lei”. Seria também ela demagógica e igualzinha aos coronéis da ditadura, Gaspari?

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